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sexta-feira, 8 de março de 2019

Nova reviravolta no caso do garoto Carlinhos, que foi subtraído pelo pai do Recife e levado para Argentina

-Mãe acredita o filho está sendo vítima de alienação parental- foto divulgação


O polêmico caso do garoto Carlinhos, que foi subtraído pelo pai, do Recife e levado para a Argentina, em dezembro de 2015, ganhou mais um dramático capítulo, no último dia 25 de fevereiro: o desaparecimento da criança. O pai Carlos Attias, 55 anos, noticiou às autoridades daquele país, na semana que antecedeu o Carnaval, uma "suposta" fuga do garoto e anexou aos autos do processo, uma carta na qual o jovem afirma não querer voltar ao Brasil. O garoto Carlinhos, devido acordo judicial firmado entre seus pais anteriormente, deveria ter sido entregue a mãe, Cláudia Boudoux, no último dia 28 de fevereiro, data limite para esse cumprimento. 

"Estou perplexa. Vivo um drama que não tem fim. Não acredito nessa fuga e nem que essa carta seja de autoria do meu filho. Ela não reflete a escrita de uma criança de 12 anos. Para mim é mais um plano bem elaborado do pai, para não cumprir a decisão da justiça argentina," afirma Cláudia Boudoux que acredita ainda que o filho continua sofrendo alienação parental, por parte do pai, diante do comportamento do garoto, desde o último encontro que teve com o filho na Argentina. 

E foi para cobrar às autoridades argentinas que, no último 01 de março, o advogado Pedro Henrique Reynaldo, do escritório Limongi Sial & Reynaldo Alves Advocacia e Consultoria Jurídica que representa a mãe de Carlinhos, se reuniu na Embaixada do Brasil, em Buenos Aires, para apresentar petição de apoio à representação diplomática brasileira na tomada de medidas mais efetivas e enérgicas das autoridades centrais para a localização do menor e o imediato cumprimento da decisão judicial de repatriação do mesmo para entrega a sua mãe, Cláudia Boudoux, no Recife. 

O diplomata Luiz Eduardo Fonseca e o advogado Pedro Henrique Reynaldo Alves - foto divulgação

O Conselheiro para assuntos políticos e relações institucionais da Embaixada, o diplomata Luiz Eduardo Fonseca, afirmou que já havia sido informado do caso a partir de expediente do Gabinete do Senador Jarbas Vasconcelos, membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado e que foi incumbido pelo Embaixador para diligenciar junto ao Cônsul à adoção das medidas requeridas. O caso, desde o início, vem tendo apoio do Governo do Estado, através da Secretaria de Direitos Humanos, pelo empenho pessoal do Secretário Pedro Eurico. 

Acordo 

No último dia 13 de fevereiro, Cláudia Boudoux foi novamente à Argentina para fixar os termos da volta de Carlinhos ao Brasil, que já tinha sido determinada pela justiça argentina em 11 de dezembro de 2018. Ficou acordado que Carlinhos teria que retornar até o dia 28 de fevereiro, comunicando os dados do vôo para que as autoridades brasileiras pudessem acompanhar sua chegada. 

A fisioterapeuta Cláudia Boudoux, para facilitar a vinda do filho, concordou que o pai pudesse trazê-lo, mantendo, provisoriamente, a guarda compartilhada que estava vigindo no Brasil até sua subtração. Teria sido acordado também que Carlinhos poderia passar o Carnaval com a mãe e as irmãs. Ocorre que ao invés do bilhete do vôo, uma carta escrita por Carlinhos foi juntada ao processo pelo pai, que relatava ter fugido por não querer voltar ao Brasil, estando até hoje sendo procurado pelas autoridades policiais da Argentina. 

Carlinhos aos 8 anos - foto divulgação
Entenda o caso - Carlos Attias Boudoux, o Carlinhos, tinha 8 anos em dezembro de 2015, quando foi levado pelo pai, o empresário e advogado argentino Carlos Attias, de 55 anos. Segundo a mãe de Carlinhos, a fisioterapeuta Cláudia Boudoux, um oficial de Justiça chegou na noite de Natal à casa dela, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, com um mandado para que dois filhos, o menino e uma menina de 10 anos fossem para casa do pai. As duas crianças seguiram no dia 25 de dezembro daquele ano, com previsão para retornar dois dias depois, o que não aconteceu. Desesperada, Cláudia foi ao Fórum Joana Bezerra, no Recife, no dia 27 de dezembro e após alguns dias conseguiu uma ordem de busca e apreensão. 

Acompanhada por um oficial de justiça, a fisioterapeuta, seguiu até a casa onde morava o ex-marido e, depois, se dirigiu a fábrica de empanados argentinos pertencente ao empresário, no bairro de Água Fria, no Recife, mas não encontrou as crianças. No dia 30 de dezembro, Carlos Attias conseguiu na justiça o direito de passar o Réveillon com os dois filhos, com a previsão de entregá-los à mãe no dia 02 de janeiro de 2016. Nesta data, somente a filha do casal foi deixada na casa de Cláudia, mas o pequeno Carlinhos foi levado pelo pai, que desapareceu. Cláudia então denunciou o caso ao Grupo de Operações Especiais (GOE), da Polícia Civil e a Polícia Federal em Pernambuco. No dia 05 de fevereiro de 2016, a fisioterapeuta recebeu a informação que o ex-marido havia vendido a empresa de empanados em Água Fria e desocupado o apartamento em que morava. 

Somente no dia 14 de setembro de 2016, a polícia federal argentina conseguiu prender o argentino Carlos Attias. Ele foi encontrado em Buenos Aires e estava com o pequeno Carlinhos. Naquela ocasião, o nome do pai estava incluída na lista de procurados pela Interpol em 192 países, e ele também teve sua prisão preventiva decretada pela Justiça de Pernambuco. O menino foi deixado em uma casa de apoio para crianças e adolescentes em Buenos Aires e a PF informou que a mãe ou outro parente deveriam ir até lá providenciar os trâmites da viagem e fazer cumprir o mandado de busca. 

A fisioterapeuta Cláudia Boudoux viajou para Argentina no dia 16 de setembro de 2016. Mas, poucas horas depois do embarque a Polícia Federal de Pernambuco divulgou a notícia que a Justiça Argentina havia soltado o empresário Carlos Attias e que o garoto Carlos, já com 9 anos, estava de volta aos cuidados do pai. Ao chegar em Buenos Aires, a fisioterapeuta Cláudia Boudoux foi ouvida pela Justiça Argentina e depois retornou novamente ao Recife sem a posse da criança. 

Através da Secretaria de Direitos Humanos do Estado de Pernambuco, na pessoa do Secretário Pedro Eurico, o Ministério da Justiça foi acionado que requisitou a abertura do processo de recondução de Carlinhos pela Justiça Argentina, cuja decisão final favorável ao seu retorno foi em 13 de dezembro de 2018. 

Em 13 de fevereiro desse ano, um acordo provisório de repatriação para auxiliar na adaptação do menor no convívio materno, que, segundo a Claudia, teve sua imagem fortemente distorcida pelo pai: "Depois de todo esse drama, além da luta de conseguir o retorno de Carlinhos, tive a confirmação de que nesses três anos meu filho foi programado para esquecer todas as memórias dos momentos em que viveu comigo. Nessa última ida à Argentina, eu vi uma criança completamente diferente. Um olhar de uma criança enraivada da mãe, usava frases feitas para não demonstrar nenhum tipo de afeto. Além da batalha jurídica, estou consciente de que terei que manter firme para reconquistar novamente o amor do meu filho." 

Os termos do acordo permitiriam inclusive que o pai Carlos Manuel Attias, acompanhasse o filho e permanecesse no Recife com guarda compartilhada, até que outra decisão fosse proferida pela Justiça Local. O Ministério da Justiça e o Governo do Estado, através da Secretaria de Direitos Humanos do Estado de Pernambuco, com o empenho pessoal do Secretário Pedro Eurico já estavam cientes da decisão e estavam prontos para recepcionar Carlinhos no último dia 28 de fevereiro.