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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Construtoras facilitam trocas para driblar a crise e viabilizar negócios

Por conta da dificuldade na liberação do crédito imobiliário, construtoras do Grande Recife estão intensificando as trocas e aceitando casas, terrenos, apartamentos usados e até carro como parte do pagamento de um imóvel novo/ Foto divulgação


Com os bancos restringindo cada vez mais a liberação de crédito para a compra e o financiamento de imóveis, construtoras do Grande Recife desenvolveram uma maneira de driblar a crise e, ao mesmo tempo, “dar uma mãozinha” aos clientes interessados em comprar um imóvel novo. Muitas empresas do ramo estão viabilizando trocas para facilitar a negociação e afastar a crise para bem longe. Se no passado esse tipo de negociação representava cerca de 15%, hoje ela beira os 30% em alguns casos. 

Bruno Wanderley/Foto Divulgação
A Construtora Holanda Wanderley, que atua fortemente em Olinda, percebeu uma demanda crescente neste sentido nos últimos meses. “Em praticamente todas as empresas é possível se deparar com clientes interessados em oferecer imóveis usados (e de menor valor) e até carros como parte do pagamento no apartamento zero-quilômetro”, garante o diretor executivo da Construtora Holanda, Bruno Wanderley. Ele lembra que esse tipo de negócio existe há tempos na construção civil, mas agora está mais presente e que esse negócio virou uma solução interessante para aqueles casos em que o cliente está com dificuldades para financiar ou não quer ficar descapitalizado e opta pela troca do imóvel.

Segundo o executivo da Holanda, esse tipo de negociação pode ser bom para todas as partes envolvidas. “O processo de troca é mais rápido. Pode não ser tão rentável, mas é uma possibilidade interessante para os dois lados porque faz o dinheiro girar e ajuda a fechar a venda, permitindo, inclusive em alguns casos, vender um imóvel um pouco abaixo do mercado para viabilizar o negócio. No final termina sendo bom para todo mundo”, justifica.

Flat em Muro Alto/Foto divulgação
Bruno Wanderley lembra que algumas transações recentes realizadas inclui o recebimento de imóveis como parte do pagamento. A Holanda, que tem foco apartamentos entre 50 e 90 metros quadrados e preços de até R$ 400 mil, possui vários imóveis espalhados pela Região Metropolitana do Recife (RMR) frutos de troca com clientes. "Recebemos um terreno em Gravatá que serviu como entrada em apartamento em Olinda. E recebemos até um flat em Muro Alto como parte do pagamento. Como esse não é o foco do negócio, estamos vendendo por um preço abaixo do mercado. O imóvel está avaliado em R$ 400 mil, mas estamos vendendo por R$ 360 mil, um desconto de R$ 40 mil para fechar o negócio e fazer o dinheiro voltar mais rápido para o caixa da construtora”, exemplifica.

Marcelo Nilo/Foto Divulgação
O corretor Marcelo Nilo, que trabalha com imóveis de várias construtoras, reforça o discurso do construtor. Segundo Marcelo Nilo, várias propostas que recebeu recentemente eram de compradores oferecendo um imóvel como parte do pagamento. De acordo com o consultor imobiliário, essa proposta de troca não funciona com todo mundo. É raro uma pessoa física aceitar, mas construtores e investidores não deixam passar. "As construtoras recebem uma quantia em dinheiro e continuam com um imóvel para fazer novos negócios", conclui.