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domingo, 22 de dezembro de 2013

Ciclo Natalino no Sítio Trindade teve mamulengos e pastoris neste domingo (22)

Fotos: Andréa Rêgo Barros/PCR



A sátira, a interação e as brincadeiras do povo nordestino marcaram o Encontro de Mamulengos, que começou por volta das 16h, no Sítio Trindade, um dos 25 polos do Ciclo Natalino do Recife com programação neste domingo (22). Os nove mestres mamulengueiros convidados, Toi, de Pombos; Del, Cida, Zé Lopes e Dila, de Glória do Goitá; Wagner e João, de Garanhuns; Zé Di Vina, de Lagoa de Itaenga; e João Galego, de Carpina; fizeram adultos e crianças soltarem o riso.

Além de encantar e divertir o público, o encontro proporcionou aos próprios mamulengueiros assistirem uns aos outros. O coordenador do projeto, Carlos Carvalho, destacou a importância de reunir os mestres: "Esta é uma arte que está se perdendo, e eles têm poucos momentos em que podem ver o modo de fazer do outro e trocarem ideias entre eles", contou o gestor, que planeja iniciar oficinas de mamulengo no Apolo-Hermilo, em 2014.

O nome desta expressão popular vem do termo "mão molenga", já que os bonecos são manipulados pelos mestres e artesãos. As pequenas Maria Olga, 4 anos, e Maria Alice, 2, estavam encantadas. "Eu gostei da menina, a Catirina!", sapecou a mais velha. A tia, a pedagoga Betânia Batista, comentou a satisfação de ter uma programação diferente pra divertir as crianças. "No Recife a gente não tem muitas oportunidades pra elas conhecerem os brinquedos da cultura popular", disse.

Lançamento de livro – O lançamento do livro Caminheiros do Sem Fim – Jornadas do Sentir também ocorreu na noite deste domingo (22), no casarão do Sítio Trindade. A publicação, que faz parte das ações de formação cultural promovidas pela Secretaria de Cultura do Recife e Fundação de Cultura Cidade do Recife, foi escrita pela pesquisadora e historiadora Carmém Lélis, e traz um registro histórico e antropológico sobre a tradição natalina no Brasil, especialmente em Pernambuco.

Para a secretária Leda Alves a concepção do livro é um registro de suma importância dado pela Prefeitura para a cultura popular. "Essa riqueza infindável que nós temos precisa ser lida, estudada e refletida, pra que a gente continue abrindo o caminho para os artistas da nossa terra", falou para os presentes. A publicação tem dois momentos. Na primeira parte traz uma espécie de linha do tempo, que mostra a trajetória de influências da festa. Na segunda parte, sessões dedicadas a cada manifestação, como o pastoril, o reisado e a queima da lapinha.

"A ideia é mostrar de onde viemos, o que somos, para onde estamos partindo com essa relação do cristianismo, e falar da festa que há muito extrapola as relações cristãs", explicou Lélis. Caminheiros do Sem Fim – Jornadas do Sentir será distribuído para escolas municipais e bibliotecas públicas do Recife. Carmem Lélis explicou que a publicação tem por objetivo possibilitar também que as pessoas se apropriem da tradição, das relações de vida e cidadania do Natal. "É uma forma de estimular, preservar, manter. Inclusive de questionar porque algumas expressões continuam, porque algumas não, porque outras estão em declínio. E também chamar a atenção para a responsabilidade do cidadão de que não é só o Estado que tem o dever de manter as tradições e manifestações. As pessoas têm em si esse compromisso enquanto cidadãos, e se sentem pertencentes a isto, de dar continuidade às expressões populares", refletiu.

Homenagem – Ainda dentro da programação do Sítio, a secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, entregou uma placa à família Valença, em reconhecimento aos 148 anos do Presépio dos Irmãos Valença. "É importante dar destaque a esse trabalho, desenvolvido há tantos anos no sítio da família, na Madalena, que se transformou num palco para as manifestações da nossa cultura", disse a secretária, na ocasião.

A peça, homenageada pela Prefeitura do Recife no Natal de 2013, foi encenada no palco do Sítio Trindade no período da noite. Foi a última das quatro apresentações do Presépio no Ciclo Natalino. A neta de João Valença, Graça, que interpreta a Mestra na montagem, agradeceu à homenagem: "Temos aqui no palco quatro gerações, chegando até a tataraneto. Ficamos muito felizes com o reconhecimento, que também está nos dando a oportunidade de divulgar essa tradição religiosa, mantida pela nossa família".